Um dia levaram-Lhe uma moeda com a pergunta se era legítimo pagar o imposto a César. Ele, olhou ambas as faces daquela dracma e viu numa delas, precisamente a face de César e respondeu-lhes: “ Dai a César o que é de César” e acrescentou de seguida… “e a Deus o que é de Deus”!
Tal resposta foi o bastante para serenar os ânimos, mas os que o tentavam não perceberam a real importância da outra face da moeda, nem perceberam que tinham acabado de assistir à primeira e à maior lição de economia que se conhece, sem complicações, debates inúteis, sofisticações ardilosas e superficiais ou difíceis equações estatísticas ou matemáticas que tanto encantam muita gente.
Os provocadores ficaram satisfeitos com a resposta, pois, afinal, o tributo a César tinha sido respeitado, e a questão politica tinha sido correctamente respeitada, e a tal grande lição de economia, a novidade era a importância da outra face da moeda, a que não era a face do todo poderoso César, mas sim a face de multidões incontáveis de pessoas que dele tinham de depender.
Naquele tempo, César era de facto, e para todos os efeitos, a “economia”, o deus de um mundo pagão, a quem todos deviam tributo (e dracmas), o que, em principio não seria uma mal em si, se a coisa funcionasse com conta, peso e medida.
Estaremos melhor nestes nossos tempos?
Parece que ainda hoje continua a dificuldade em perceber qual das faces da mesma moeda merece maior atenção e respeito. No meio de discussões, eternizam-se em torno da melhor forma de servir, essencialmente, a face de César.
A ganância e a corrupção, a insensibilidade perante as necessidades essenciais das pessoas que são muitas vezes descuradas talvez por essa razão, João Paulo II terá lembrado que a economia é para o homem e não o contrário, para assim dar a Deus o que é de Deus, que significa servir, cuidar bem dos seus filhos e das suas necessidades!
Mas o que vemos hoje, a que o nosso país não escapa, senão as honras e tributos à face de César enquanto, ao mesmo tempo, o que se vê é a pobreza a alastrar no seio de pessoas que ontem viviam até razoavelmente?
Que vemos hoje, senão a insensatez de políticos e politólogos, a ganância de agentes económicos e a falta de escrúpulos de certos financeiros imprevidentes, corruptos e insensíveis que chegam até a provocar crises internacionais, como a que estamos agora a viver?
Quando se percebe que é tempo de virar a moeda e criar a “moeda única” de Deus, dando-lhe o que lhe pertence, em primeiro lugar?
Não será esta grande crise financeira que os EUA (e o mundo) estão a sofrer, a tal lição de economia que estava a faltar? Vão injectar-se milhões, mas o que é que, para futuro, vai mudar de sustentável na vida das pessoas, ou apesar se tratará de recomendar durante algum tempo um enorme buraco?
Quando é que se percebe que é a vez de César passar a precariedade, e deixar de ser serviço com tanta reverência?
António Appleton
terça-feira, 21 de outubro de 2008
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